sexta-feira, 14 de março de 2014

Após denúncias da ESPN, mandatário deixa cargo da CBV.
Mesmo com muitos problemas, muitas vezes jogados para debaixo do tapete, como falta de patrocínios, desorganização dos calendários, vendas de direitos de transmissão e convocações mal explicadas no novo sistema de seleções de vôlei de praia, o vôlei ainda era considerado o esporte mais credível do Brasil.

Mas a brilhante imagem da modalidade começou a ser manchada nos últimos dias.

Quanto à ascensão da modalidade, não há argumentos. Em pouco mais de 20 anos, foram dois ouros olímpicos da seleção masculina (1992 e 2004), outros dois da equipe feminina (2008 e 2012) e um vôlei de praia quase sempre nos pódios a partir de 1996.

Só que contratos firmados entre os amigos de Ary Graça, também gestores da CBV, e Banco do Brasil, o mesmo patrocinador que fez o vôlei brasileiro se tornar o que tornou, estão colocando por água abaixo o trabalho de anos.

Entre as séries de denúncias feitas pelo jornalista Lúcios de Castro, da ESPN, mais de R$ 20 milhões do Banco do Brasil foram parar nos cofres de empresas que, na verdade, não prestaram serviços à entidade.

ESPN que, diga-se de passagem, é mais uma das emissoras mordidas por não ter os direitos de transmissão do vôlei, há anos presos das mãos da Rede Globo.

Em meio ao turbilhão de acusações, Ary acabou perdendo a queda de braço e agora há pouco foi obrigado a renunciar o cargo da entidade máxima do voleibol nacional.

Renuncia que, superficialmente, não muda muita coisa nos bastidores. Até porque, o mandatário ocupa o cargo da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) desde 2012.

Licenciado do cargo, Ary teoricamente não poderá voltar mais à presidência da CBV assim que seu mandato internacional terminar. Mas, como política é política, sempre é possível coordenar sem estar no poder.

Já para clubes, duplas e atletas, a sujeira pode trazer muitos prejuízos.

Carente de bons (e fiéis) patrocinadores, a Superliga pode sofrer ainda mais com a falta de empresas que sustentem as equipes nas próximas temporadas.

Sem ter onde jogar, atletas podem acabar rumando para fora do país, como já aconteceu esse ano com Bruninho, por exemplo.

No vôlei de praia, o saldo das duplas que pagam as contas do próximo bolso pode ficar ainda maior.

Sem contar com o valor das premiações, que fazem tantos atletas se interessarem pelas etapas. Reduzidas, pode haver desinteresse pelos torneios, pouca competitivadade e menos revelações de talentos.

Uma coisa é certa: Sr Ary Graça, não só a sua imagem foi colocada por água abaixo. O vôlei deve viver um 2014 muito diferente dos anos passados.

E isso porque estamos a pouco mais de 2 anos para os Jogos Olímpicos do Rio. Não vai ser fácil resgatar o prestígio de uma modalidade tão bacana da noite para o dia.

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