quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Desde 2004, Brasil não tinha duplas nos dois naipes da decisão olímpica; duplo ouro é inédito (Foto: FIVB)

Pelo horário da partida, iniciada por volta das 23h59 e finalizado por volta de 1h da manhã, pode parecer sonho, mas Àgatha/Bárbara Seixas conseguiram o maior feito do vôlei de praia nestes Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro até aqui: derrotaram Walsh/Ross, por 2 sets a 0, e garantiram vaga na final feminina do torneio, doze anos após Adriana/Shelda disputarem a decisão de Atenas 2004, justamente contra Walsh, que na época jogava com May.

Muitos poderão dizer que o resultado foi inesperado. E não deixa de ser. Mas, por si só, as parciais mostram a superioridade das brasileiras: 22/20 e 21/18, naquela que foi, para muitos, a melhor atuação da história do time "número 2" do país.

Pode parecer apropriação de um resultado favorável, mas, mais cedo, logo após a derrota de Larissa/Talita, cheguei a tweetar no perfil do Primeiro Set: Àgatha/Bárbara poderiam fazer história. Diferente de Larissa/Talita, que carregavam o peso do favoritismo, a dupla podia entrar solta em quadra, como vinha acontecendo nas partidas anteriores. Mesmo jogando mais alegres, Àgatha/Babi não perderam o foco, jogando sempre com muita segurança e concentração.

Diante de tal feito, a pressão desta noite, dia da disputa pelo ouro, deve ser bem maior do que nos dias anteriores. Mas a fala de Bárbara à assessoria da CBV ao final da partida mostra o quanto o trabalho vem sendo consistente também no lado psicológico: "(..) Foi muito importante, histórico, mas temos que virar essa chave, nos prepararmos demais. As alemãs são um time muito perigoso. Não venceram nossa outra dupla brasileira, uma das mais fortes do mundo, por acaso."

No histórico dos duelos, Ludwig/Walkenhorst são superiores. Enquanto as alemãs venceram quatro partidas, as brasileiras só conseguiram um resultado positivo. Ou seja, vitória europeia e prata brasileira não será uma "amarelada" verde-amarela. No entanto, pela caminhada até aqui, Àgatha/Bárbara podem sim, 20 anos depois, dar o segundo ouro para vôlei de praia feminino.

Larissa/Talita disputam o bronze, contra Walsh/Ross. E aí vem a imprevisibilidade do esporte: para muitos, este seria o confronto pela medalha do ouro. Curiosamente, um destes dois times acabará em quarto lugar, sem nenhuma medalha.

Independente do resultado, vejo esse torneio olímpico como o mais incrível dos últimos tempos: as quatro duplas que lideram o ranking internacional chegaram às semifinais e brindaram o torcedor com muitos sentimentos: alegria, tristeza, incredulidade, encantamento. Os últimos capítulos dessa história começam às 23h desta quarta. Que os deuses olímpicos façam eles serem coloridos de verde-amarelo ;)

Segunda final de Alison e estreia de gala para Bruno "Mágico"

Embora Pedro Solberg/Evandro tenham ficado pelo caminho, numa "injustiça" olímpica, no meu humilde entendimento, o Brasil também se vê representado na decisão.

Depois de fazerem uma semifinal duríssima, de 2 sets a 1 (21/17, 21/23, 16/14), contra os holandeses Brouwer/Meeuwsen, Alison/Bruno Schmitd seguiram no que se previa. A partir de 23h59 desta quinta (18), disputam o ouro contra os italianos Nicolai/Lupo.

Curiosamente, Bruno "Mágico" Schmitd estreia em Olimpíadas já chegando à decisão olímpica, assim como acontecia com Alison "Mamute", há quatro anos, nos Jogos de Londres. Outra curiosidade: do alto de seus modestos 1,85m, o sobrinho de Oscar Schmitd pode, já de cara, conquistar a medalha que o tio não conseguiu em cinco participações olímpicas.

Diferente do feminino, longe das últimas duas decisões pelo ouro, o vôlei de praia masculino do Brasil mantém uma sequência de cinco finais consecutivas, iniciada em 2004, com Ricardo/Emanuel.

Por tudo que se viu em Copacabana desde o dia 6 de agosto, apontar favoritos é roleta-russa. Mas, como grande torcedora desses times brasileiros, não posso deixar de acreditar num duplo ouro verde-amarelo, algo inédito para o Brasil.

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