quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Copa do Mundo acabou, o Brasil decepcionou e fica a indagação: depois do baixo desempenho da nossa seleção é hora do jornalismo esportivo brasileiro abrir espaço para outras modalidades?

Seleção feminina, campeã olímpica em Pequim 2008
Como esse blog é um espaço para o vôlei, vou fazer minhas considerações em cima desse esporte, mas dava para incluir também basquete, ginástica, atletismo, natação e muitos outros. 

Nos últimos anos, o futebol brasileiro não tem conseguido grandes resultados. Conquistamos o penta em 2002 e nas últimas duas Copas, amargamos eliminações precoces nas quartas-de-final. 

Mesmo com os cofres abarrotados (10 patrocinadores e R$ 220 milhões em 2010), a CBF não consegue resgatar o prestígio do melhor futebol do planeta.

E o vôlei? Nos últimos anos, ele não para de crescer.

De 8 anos para cá, mesmo tempo do último título na Copa, são várias as conquistas: ouro e prata olímpica no masculino indoor, ouro e bronze olímpico feminino indoor, ouro e prata olímpica masculina no vôlei de praia e mais uma prata feminina no vôlei de praia.

Vale lembrar que nunca fomos campeões olímpicos no futebol.

E, além das Olimpíadas, ainda nesse período, temos 6 títulos na Liga Mundial Masculina (com chances do 7º daqui a alguns dias), 5 no Grand Prix Feminino, 1 no Campeonato Mundial do Vôlei de Praia, 11 no Circuito Mundial de Vôlei de Praia (entre homens e mulheres), além de várias premiações individuais.

Mas, tantos resultados expressivos não condizem com a realidade do esporte.

O vôlei, mesmo sendo o segundo esporte mais popular do país, carece de apoio. Em 2010, o vôlei de praia, modalidade mais esquecida, contou com apenas três transmissões em TV aberta. O desafio 4x4, a final masculina e feminina do Circuito Mundial de Brasília e só!

Por conta disso, os patrocínios desaparecem. O salário mensal de um jogador de seleção de futebol daria para bancar as despesas de uma dupla quase que o ano inteiro. Há jogadores que se esforçam para levantar R$ 300 mil anuais para viagens, hospedagens, salários de comissão técnica, etc. O que são R$ 300 mil para o futebol? E o pior é que muitos tentam, mas nem todos conseguem essa quantia. 

Márcio e Fábio Luiz e a surpreendente prata em Pequim
Triste ver os vice-campeões olímpicos Márcio e Fábio Luiz suplicando ajuda ao governo Lula na volta de Pequim. 

Triste ver Maria Elisa, rainha da praia 2010, chorando um patrocínio para Vivian, sua parceira na decisão. 

Até o melhor jogador do mundo em 2008, Harley, sofreu com a falta de patrocínio no início de 2009.

No indoor, a realidade é a mesma. Clubes vêm fechando as portas por falta de dinheiro. Osasco, vice- campeão da Superliga 2009, esteve prestes a encerrar suas atividades. Brasil Vôlei tentou, não resistiu e chegou ao fim.

Exemplos de desvalorização não faltam. E isso porque é o segundo esporte do país. Imaginem os outros?!
Criticar a ausência de uma medalha feminina no vôlei de praia em Pequim 2008 é fácil, difícil é ir além e analisar a situação.

Sou super patriotista, adoro futebol, mas acho que esse cenário esportivo que foca só os gramados precisa mudar. Tem até melhorado um pouco nos últimos anos, mas está longe de ser o ideal. É preciso mais vôlei na TV aberta. Duvido que a audiência vá ser tão ruim assim. É preciso mais patrocínio, visibilidade e reconhecimento. 

É preciso enxergar que o esporte de um país é muito mais que uma Copa do Mundo.
Aos otimistas como eu, fica a esperança que em 2014 tenhamos o hexa da seleção aqui no Brasil e que nas Olimpíadas Rio 2016 tenhamos também uma estrutura que permita muitos ouros para o vôlei brasileiro.
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