quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Medalhistas de prata, mas alvo de muitas críticas.
A Olimpíada se foi, a adrenalina das partidas passou e agora, com a cabeça mais tranquila, é hora de analisar os resultados do vôlei brasileiro em Londres.

Quatro disputadas, quatro medalhas: um ouro (seleção feminina), duas pratas (seleção masculina e Alison/Emanuel) e um bronze (Juliana/Larissa).

Poderia ter sido melhor? Poderia. Poderia ter sido pior? Também.

E aí a técnica do judô Rosicleia Campos tem toda razão ao dizer que o povo brasileiro é ignorante, no sentido de ignorar o esporte durante os quatro anos que separam uma Olimpíada e outra.

Poucos são os que acompanharam todas as competições do vôlei de praia durante o ciclo olímpico e viram que, diferente do que muitos comentaristas e analistas diziam, Kessy e Ross não eram tão fracas a ponto de não serem capazes de superar Juliana e Larissa.

Afinal, elas foram campeãs da Copa do Mundo 2009 justamente contra as brasileiras, fizeram parte da equipe norte-americana nos desafios 4x4 promovidos pela TV Globo, e, principalmente, terminaram em 4º lugar geral no ranking olímpico, ficando somente atrás das próprias Juliana/Larissa, das chinesas Zhang Xi/Xue e das compatriotas Walsh/May.

Mas muitos são ignorantes, no sentindo de não saber o que acontece no Circuito Mundial.

Embora fosse possível voltar de Londres com todas as quatro medalhas de ouro, é preciso reconhecer o mérito dos adversários, a grande e perigosa pressão sobre os atletas nacionais e algumas questões internas que o vôlei brasileiro ainda tem muito que evoluir.

Alison e Emanuel também tinham tudo para conquistar o ouro. Mas como alguns podem dizer, Emanuel jogou fora a oportunidade a cada bola desperdiçada. Curioso como um atleta que chegou a sua terceira medalha olímpica consecutiva (ouro em Atenas, bronze em Pequim e prata em Londres) tenha sido tão criticado nas redes sociais.

Mais uma vez, críticas vindas da ignorância.

Mais velho dos quatro atletas da decisão, toda a boa estratégia de Brink e Reckermann foi traçada em cima dele. Alemães que poucos torcedores conheciam, mas que já tinham sido campeões da Copa do Mundo de Vôlei de Praia 2009 e campeões do Circuito Mundial, também em 2009.

Na Alemanha não tem praia e é frio quase que o ano todo, é verdade. Mas para se formar uma boa dupla não são apenas esses fatores que importam mais.

Seria justo que o pódio em Londres tivesse Alison/Emanuel, Ricardo/Pedro Cunha, Juliana/Larissa e Talita/Maria Elisa? Seria. No entanto, as várias etapas mundo afora fizeram com que o vôlei de praia deixasse de ser exclusividade nacional, fazendo com que alemães, russos, poloneses, austríacos, letões, também aprendessem a jogar em alto nível.

Nível que, surpreendentemente, tirou os norte-americanos do pódio masculino. Quem diria que Rogers/Dalhauser e Gibb/Rosenthal, nascidos num país tão forte na modalidade, assim como o Brasil, não passariam de um amargo 5º lugar geral?!

Resumindo: é extremamente injusto e ignorante criticar a cor das medalhas do vôlei de praia, esporte que ainda tem muito que se acertar internamente. Afinal - não com as quatro parcerias que foram para Londres, mas com as muitas que ficaram pelo meio do caminho - falta patrocínio, incentivo, caça e desenvolvimento de novos talentos, etc, etc, etc.

Não foi justo com as duplas que estiveram nas Olimpíadas 2012, mas a ausência do ouro foi pertinente no sentido de que muito ainda se tem que trabalhar na questão das dirigências internas e na própria análise crítica de nós torcedores, que ainda não conseguimos entender que, para um país que é 88º em educação, 84º em Desenvolvimento Humano e 72º em inclusão digital, estar em 24º lugar no ranking de medalhas é um feito que merece comemoração.

Quem sabe isso tudo não se acerte e o resultado seja ainda melhor em 2016. Eu acredito!

Como só falei de vôlei de praia, depois volto com um post sobre os resultados indoor.

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Foto: Maurício Kaye/FIVB 
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