Um texto que demonstra o descontentamento dos torcedores "marginalizados" pela concentração da Superliga em apenas algumas regiões do pais. O novo Post do Torcedor foi escrito pela estudante de Comunicação da UNEB, Franciele Viana, torcedora do Vivo/Minas. Muito mais que um desabafo pessoal em si, a participação de Franciele aqui no Primeiro Set serve para exemplificar a opinião de muitos outros nordestinos. Confira:
No ano de 2000 eu vivia o auge dos meus 13 aninhos, não conhecia muito de vôlei, afinal de contas o Brasil é o país do futebol e para quem mora no interior do Nordeste essa premissa ainda se faz mais verdadeira, uma vez que essa é a única opção, pelo menos no meu tempo.
Em 1999, conheci de fato este esporte. A pessoa que me apresentou essa linda modalidade foi a minha tia, que assistia naquela época algumas partidas de vôlei da seleção masculina, isso quando a Globo decidia fazer o favor de transmitir as partidas .
Sou muito grata a minha tia, afinal de contas ela me apresentou e fez, com sua paixão contagiante pelo esporte, eu me tornar tão apaixonada quanto ela. No ano de 2000, eu conheci a Superliga. A cada partida assistida meu amor ia aumentando. Meu time, bom eu não tinha um time, mas a minha tia tinha uma equipe que era apaixonada, um tal de Minas, que dizia ser o melhor time do mundo. Bom, pra mim, depois de uma temporada de competição, ficou provado que o Minas era O time, o melhor do mundo.
Vencemos aquela Superliga de 1999/2000 e mais a de 2000/2001, 2001/2002 e 2006/2007. Minha paixão aumentava a cada partida, a cada ano de emoção. Que lindo que é o esporte, e como ele tem o poder de nos fazer acreditar sempre na vitória, em admirar a técnica. Tornaria, a partir de 2000, uma fã louca e frustrada. Sim, muito frustrada.
Qualquer fã quer ver seu ídolo de perto, quer ver uma partida, gritando e incentivando a equipe. Ué, eu também queria sentir esse prazer de ver uma final de Superliga, ou uma partida da Liga mundial. Mas essa vontade louca não seria possível, e ainda não é, e isso é o mais chato da história.
Moro no Nordeste, no interior do Nordeste, um lugar “perto de Salvador.” Não dá pra visitar a capital mineira e assistir a uma partida de vôlei, tendo que bancar passagem, hospedagem e alimentação. Enfim, não posso ainda ver os meus ídolos, não posso ainda sentir essa emoção que minhas amigas mineiras e cariocas vivem tanto em época de competição. Cá pra nós, como é bonito ver um ginásio lotado com fãs loucamente apaixonados pelo time, gritando, incentivando a todo o momento a equipe. Eu só sei disso pela TV.
Às vezes, acho que deveria me conformar. Afinal de contas, não tem nenhuma equipe de vôlei no meu estado. Mas não me conformo, porque isso é triste. Porque vôlei de alto rendimento não deveria ser restrito, como privilégio de uma parte da população localizada na região sudeste e centro-oeste. Porque só tem acesso ao vôlei pessoas que moram nestas regiões. (exceto algumas exceções).
No dia 22 de novembro de 2012, o jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem com o título: “Confederação de vôlei quer implantar Superliga itinerante”. A matéria dava destaque para a falta de times do Nordeste na maior competição da modalidade no pais. Até aí, coisa normal.
No entanto, algo chamava minha atenção, uma declaração do senhor Presidente da Federação Internacional: “Para evitar que apenas duas regiões abriguem jogos do torneio, a entidade pretende implantar uma Superliga itinerante. Para popularizar ainda mais o vôlei, vamos viajar pelo Brasil. É preciso pensar não só no lado esportivo, mas também no marketing. Muitas empresas querem expor suas marcas em novos mercados. O estado que quiser um jogo da Superliga só precisa nos ligar que vamos levar”.
Ual, viva ao Ary Graça, viva a CBV. Tá bom, isso ainda não aconteceu e não será nessa temporada que vou assistir a uma partida do Minas. Para minha tristeza passarei mais uma temporada e continuarei frustrada por não ver meus ídolos, por não acompanhar uma partida..
O que quero dizer com esse texto, falando da minha paixão e do meu amor pelo Minas, que hoje divide o meu coração com o time do Sada/Cruzeiro, é que, além da torcida mineira, carioca, paulista, existe um monte de outras torcidas.
Torcedores que não tem condições pra viajar, torcedores apaixonados que querem ver seus times de perto, que querem torcer, ver um jogo em seu estado. E isso deveria ser garantido pela Confederação, afinal de contas somos um só país.
Mas no vôlei, parece que Brasil é igual às cidades do Rio, São Paulo e Minas.
Quer participar do Post do Torcedor? Envie seu texto para primeiroset@gmail.com.
No ano de 2000 eu vivia o auge dos meus 13 aninhos, não conhecia muito de vôlei, afinal de contas o Brasil é o país do futebol e para quem mora no interior do Nordeste essa premissa ainda se faz mais verdadeira, uma vez que essa é a única opção, pelo menos no meu tempo.
Em 1999, conheci de fato este esporte. A pessoa que me apresentou essa linda modalidade foi a minha tia, que assistia naquela época algumas partidas de vôlei da seleção masculina, isso quando a Globo decidia fazer o favor de transmitir as partidas .
Sou muito grata a minha tia, afinal de contas ela me apresentou e fez, com sua paixão contagiante pelo esporte, eu me tornar tão apaixonada quanto ela. No ano de 2000, eu conheci a Superliga. A cada partida assistida meu amor ia aumentando. Meu time, bom eu não tinha um time, mas a minha tia tinha uma equipe que era apaixonada, um tal de Minas, que dizia ser o melhor time do mundo. Bom, pra mim, depois de uma temporada de competição, ficou provado que o Minas era O time, o melhor do mundo.
Vencemos aquela Superliga de 1999/2000 e mais a de 2000/2001, 2001/2002 e 2006/2007. Minha paixão aumentava a cada partida, a cada ano de emoção. Que lindo que é o esporte, e como ele tem o poder de nos fazer acreditar sempre na vitória, em admirar a técnica. Tornaria, a partir de 2000, uma fã louca e frustrada. Sim, muito frustrada.
Qualquer fã quer ver seu ídolo de perto, quer ver uma partida, gritando e incentivando a equipe. Ué, eu também queria sentir esse prazer de ver uma final de Superliga, ou uma partida da Liga mundial. Mas essa vontade louca não seria possível, e ainda não é, e isso é o mais chato da história.
Moro no Nordeste, no interior do Nordeste, um lugar “perto de Salvador.” Não dá pra visitar a capital mineira e assistir a uma partida de vôlei, tendo que bancar passagem, hospedagem e alimentação. Enfim, não posso ainda ver os meus ídolos, não posso ainda sentir essa emoção que minhas amigas mineiras e cariocas vivem tanto em época de competição. Cá pra nós, como é bonito ver um ginásio lotado com fãs loucamente apaixonados pelo time, gritando, incentivando a todo o momento a equipe. Eu só sei disso pela TV.
Às vezes, acho que deveria me conformar. Afinal de contas, não tem nenhuma equipe de vôlei no meu estado. Mas não me conformo, porque isso é triste. Porque vôlei de alto rendimento não deveria ser restrito, como privilégio de uma parte da população localizada na região sudeste e centro-oeste. Porque só tem acesso ao vôlei pessoas que moram nestas regiões. (exceto algumas exceções).
No dia 22 de novembro de 2012, o jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem com o título: “Confederação de vôlei quer implantar Superliga itinerante”. A matéria dava destaque para a falta de times do Nordeste na maior competição da modalidade no pais. Até aí, coisa normal.
No entanto, algo chamava minha atenção, uma declaração do senhor Presidente da Federação Internacional: “Para evitar que apenas duas regiões abriguem jogos do torneio, a entidade pretende implantar uma Superliga itinerante. Para popularizar ainda mais o vôlei, vamos viajar pelo Brasil. É preciso pensar não só no lado esportivo, mas também no marketing. Muitas empresas querem expor suas marcas em novos mercados. O estado que quiser um jogo da Superliga só precisa nos ligar que vamos levar”.
Ual, viva ao Ary Graça, viva a CBV. Tá bom, isso ainda não aconteceu e não será nessa temporada que vou assistir a uma partida do Minas. Para minha tristeza passarei mais uma temporada e continuarei frustrada por não ver meus ídolos, por não acompanhar uma partida..
O que quero dizer com esse texto, falando da minha paixão e do meu amor pelo Minas, que hoje divide o meu coração com o time do Sada/Cruzeiro, é que, além da torcida mineira, carioca, paulista, existe um monte de outras torcidas.
Torcedores que não tem condições pra viajar, torcedores apaixonados que querem ver seus times de perto, que querem torcer, ver um jogo em seu estado. E isso deveria ser garantido pela Confederação, afinal de contas somos um só país.
Mas no vôlei, parece que Brasil é igual às cidades do Rio, São Paulo e Minas.
Quer participar do Post do Torcedor? Envie seu texto para primeiroset@gmail.com.