terça-feira, 16 de agosto de 2011

Uma história emocionante! Dessas que faz a gente perceber o quão apaixonante pode ser o esporte na vida de uma pessoa. Eu a conheci (virtualmente) logo após a entrevista feita com a jogadora Andrezza de Paula, depois que ela entrou em contato pedindo autorização para publicar o post em seu blog lá na Rússia.

Natasha não esconde a paixão pelo Brasil. Foto: Arquivo pessoal
Na entrevista de hoje, você conhece uma super fã do voleibol brasileiro. Ela é russa, se chama Natasha Chernova, mora em Moscou, nunca veio ao Brasil, mas carrega nosso país no coração.

A paixão é tão grande que Natasha driblou até a complicada língua portuguesa só para conseguir se aproximar dos atletas brasileiros nas etapas. E, nessa semana, ela vai poder colocar em prática todo o português aprendido, já que viajará de Moscou até Aland, na Finlândia, para ver os brasileiros em ação em mais uma etapa do Circuito Mundial.

Uma história muito interessante, que vale a pena ser conferida:

 “Sempre amei o esporte”, foi a primeira frase do e-mail dela. Demonstrando um ótimo domínio do português, com apenas alguns pequenos tropeços na concordância verbal, Natasha foi buscar lá no passado a explicação pelo amor ao esporte. “Nasci numa pequena cidade no Sul da Rússia, que se chama Kharabali. Na escola, comecei a jogar vôlei e basquete, quando tinha 10 anos. Claro que não jogava profissionalmente, mas eu tinha o espírito lutador e para mim cada competição era um desafio.

Depois do término da escola, comecei a estudar na Universidade em Moscou. Infelizmente, na faculdade não tinha estudos do esporte para moças e acabei abandonando o vôlei e o basquete. Mas, mesmo tendo que abrir mão das duas modalidades praticadas, a essência do esporte ficou em minhas veias. Para mim era muito importante ganhar cada jogo e conquistar primeiros lugares para a minha escola. Por conta disso, passei a entender o que significa a vitória e que significa a derrota. Posso dizer que sei o que sente o esportista”.

Até então, o único contato de Natasha com o voleibol era na escola. Somente depois de entrar na faculdade que ela foi pela primeira vez numa partida oficial da Superliga Russa. Ela gostou do que viu, fez novas amizades pela internet e passou a torcer pela equipe do Lokomotiv-Belogorie, inclusive acompanhando o time em algumas viagens pela Rússia. Mas, a admiração pela equipe russa não seria tão forte como o que viria mais tarde. 

Natasha e os ídolos Harley e Benjamin. Foto: Arquivo pessoal
 “Um dia minha amiga, torcedora do Lokomotiv, de Sao Petersburgo, me chamou para ir numa etapa do vôlei de praia. Isso aconteceu em 2005. Até 2005, eu nunca tinha assistido uma partida da modalidade pessoalmente. E eu pensei: por que não?!

Comprei a passagem do trem e cheguei no sábado em São Petersburgo. Foram dois dias que mudaram a minha vida. Os primeiros jogos que eu assisti foram dos brasileiros Tande e Franco, Benjamin e Harley, Márcio e Fábio Luiz e Ricardo e Emanuel. E pensei: Natasha, como você viveu até aqui sem o vôlei de praia brasileiro!?? Eu me apaixonei pelo vôlei de praia graças aos jogadores brasileiros Benjamim e Harley.

Aqui na Rússia as pessoas que amam e conhecem a arte do teatro dizem que o espetáculo é maravilhoso porque artistas vivem na cena. E, naquela etapa, eles, literalmente, viveram em quadra (Nessa etapa, o pódio foi todo brasileiro com Ricardo/Emanuel, Márcio/Fábio Luiz, Tande/Franco. Benjamin e Harley terminaram em 4º).

Mesmo fã assumida desses dois últimos jogadores, ela diz ter uma admiração especial por todos os outros atletas brasileiros. “Claro que eu tenho respeito para vários jogadores do Brasil. O Brasil tem grande história do vôlei de praia. Gosto muito do Franco, aqui na Rússia nós torcedores gostamos muito dele. Assim como amamos a Shelda e estamos com saudades daqueles tempos que ela ainda jogava.

Sempre assisto também os jogos de Juliana e Larissa e acredito que essa dupla será campeã em Londres na próxima Olimpíada. Mas o meu primeiro amor no vôlei de praia foi Benjamim e Harley. Para mim não tem importância ao lado de quem eles estão jogando. Sou torcedora fiel de ambos”.

De acordo com ela, as etapas de vôlei de praia são a válvula de escape para eliminar o stress do dia a dia. “Agradeço o meu Deus por cada possibilidade que Ele me dá para viajar para lugares maravilhosos do mundo onde passam as etapas do Circuito Mundial. Para mim, o vôlei de praia é o meu melhor descanso: a minha cabeça se desliga completamente. É o segundo ano que visito Praga e Aland, cidades que recebem as etapas do mundial. Espero poder viajar no próximo ano também para outros países, como Suiça e Itália.

A paixão é grande também no indoor. Foto: Arquivo pessoal
Perguntada sobre a dificuldade de conversar com os brasileiros, Natasha disse como foi aprender o português e como passou a ser a sua relação com a cultura brasileira. “A primeira coisa que despertou meu interesse pelo idioma foi, indiscutivelmente, a possibilidade de contato com os jogadores brasileiros.

Mas, depois apareceram outras coisas: história, música, livros. Assisto os documentários brasileiros, acompanho as notícias, compro livros para entender mais sobre o país e o povo brasileiro. Nesse ano, estive pela segunda vez no festival de cinema do Brasil em Moscou. Às vezes, parece até que sou brasileira. Brinco que agora não tenho mais somente a bandeira russa, mas a brasileira também. Risos”

E as notícias do vôlei  verde-amarelo também fazem parte da busca de Natasha. “Acesso sempre o site da CBV, o da Globo.com e o Primeiro Set. Eu e as minhas amigas criamos um blog e traduzimos as notícias brasileiras para os torcedores russos. Eu traduzo as notícias do vôlei de praia do Brasil, conto sobre Circuito Banco do Brasil, escrevo sobre atletas, etc. Já minhas amigas escrevem sobre o vôlei de praia de outros países.

Mas, tamanha paixão não foi rapidamente compreendida pelos amigos. “No início, eles não entendiam bem, mas agora passaram a aceitar esta parte de mim. Porque eles veem que eu estou feliz gracas ao vôlei de praia do Brasil.”

O único problema é quando acontece algum confronto direto entre Brasil e Rússia. Nesse caso, Natasha se diz muito dividida. “No vôlei de praia sempre torço pelo Benjamim e Harley, isso é certo. Já na Liga Mundial, por exemplo, neste ano torci pela equipe que apresentasse o melhor voleibol, brinca. Para mim é complicado. Sou russa, mas a metade do meu coração pertence ao Brasil.”

Perguntada sobre um grande sonho que queira realizar, a torcedora finalizou enfática. “Sonho conhecer o Brasil. Acredito que isso aconteca logo e seguramente vou ver Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia!”

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