terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ele tem 23 anos, é carioca, jogador de vôlei de praia, estudante de comunicação social e sargento do exército. Roberto Lustosa Pitta, ou simplesmente Beto Pitta, é quem você conhece hoje no Primeiro Set. 

Pitta começou a jogar voleibol aos 12 anos, nas categorias de base indoor do Tijuca Tênis Clube. No ano seguinte, passou a disputar seus primeiros torneios no vôlei de praia e em 2004 decidiu jogar somente nas areias. 

Eleito a revelação do Circuito Banco do Brasil 2008, Pitta tem como atual parceiro o experiente Pará e um de seus objetivos é disputar os Jogos Olímpicos Militares em 2011. Confira abaixo um pouco mais sobre o jogador.

Pitta disputando o CBBVP. Fonte: CBV
Você, como muitos outros jogadores de vôlei de praia, começou na quadra e depois se mudou para a areia. Por que tomou essa decisão?
Eu sempre gostei de jogar vôlei, tanto na quadra quanto na praia, e sempre tive o sonho de ser um profissional do esporte. Aos 16 anos percebi que, além de ter resultados melhores, nas areias eu tinha mais chances de realizar esse meu sonho.

Para você, quais as principais diferenças entre o vôlei de quadra e o de praia?
No vôlei de praia os atletas têm mais liberdade em relação aos seus treinamentos. Mas, esta liberdade traz mais responsabilidade, pois o atleta tem que se empenhar muito e ter na cabeça que seu desenvolvimento depende só dele. Gosto disso.  Adoro também o fato de serem apenas dois atletas dentro de quadra e de não existir substituição. É um desafio. Você precisa achar soluções dentro do jogo com a ajuda apenas de seu parceiro e seu técnico. Além disso, o clima do vôlei de praia, tanto nos treinamentos quanto nos torneios é muito legal.

Além de jogador de vôlei de praia, você ainda acumula mais duas outras profissões: militar do exército e estudante de Comunicação Social. Como é a vida de Sargento?
Ano passado o Exército Brasileiro abriu um edital para a incorporação de Atletas de Alto Rendimento. Entrei por meio deste edital e todos os atletas, após treinamento militar, se tornaram 3° Sargentos.
Não nos foi imposto que estivéssemos no quartel todos os dias. Pois, além de alguns atletas não morarem no Rio, a intenção do Exército é que nós mantenhamos o nosso treinamento para continuarmos com nossas competições, só que agora representando o Exército Brasileiro.

E na faculdade, como é a sua rotina de estudos e por que escolheu Comunicação Social?
Por conta da minha profissão, não sou um aluno convencional. Por causa das viagens, acabo fazendo poucas matérias por período, porque se não, posso não dar conta. Escolhi Comunicação, pois sempre tive fascínio pelas propagandas e acho muito interessante como elas podem moldar a opinião de uma pessoa sobre alguma coisa.

Mas, como é conciliar tantas profissões ao mesmo tempo? Consegue equilibrar todas ou chega a ter alguma dificuldade?
Não é fácil. Tenho que correr atrás, não posso dar bobeira, principalmente na faculdade. Sempre peço a matéria que foi dada nas aulas em que não estive presente. E quando estou no Rio não falto a nenhuma aula e tento prestar muita atenção.

Você e Pará têm como grande objetivo para 2011 estar nos Jogos Olímpicos Militares. Como está a preparação da dupla?  Como é a rotina de treinamentos?
Com certeza esse é um objetivo para o próximo ano. Os Jogos Mundiais Militares é um evento comparável ao Pan Americano, até superando em número de atletas. Como nós temos um circuito nacional muito forte, estamos usando isso como preparação. Mas também estamos planejando alguns torneios no exterior antes da competição. Nossos treinamentos são diários e normalmente de segunda a sábado. Acreditamos que treinando forte e chegando bem nos torneios aqui no Brasil, estaremos bem preparados.

Explique um pouco sobre os Jogos Militares. Onde será? Acontece de quantos em quantos anos e quais são os principais adversários?
Os Jogos Mundiais Militares terão sede aqui no Rio e será disputado no mês de julho. É a maior competição militar do mundo; como numa Olimpíada, ocorre de 4 em 4 anos. Nossos adversários ainda são uma incógnita, apesar de sabermos que alguns atletas de alto nível do Circuito Mundial também são militares. Porém, ainda não sabemos se eles participarão do evento.

Você, recentemente, esteve disputando jogos pela AVP.  Como foi essa experiência?
Foi uma experiência incrível, espero que tenha a chance de jogar lá de novo. Os jogadores norte-americanos são muito técnicos e fortes fisicamente, por isso os Estados Unidos é o único país que pode se comparar ao Brasil em número de atletas de qualidade e em relação ao circuito nacional.

Nesse segundo semestre, a federação americana divulgou o cancelamento da AVP por falta de patrocínio.  Como você, que esteve jogando lá há pouco tempo, vê essa situação?
Foi uma pena a AVP ter tido problemas financeiros este ano. Mas, acho que as pessoas importantes do vôlei norte-americano estão se mexendo para não deixar seus atletas parados. Alguns torneios estão sendo organizados e acredito que essa pausa prolongada não deve ser tão prejudicial para eles assim. Pois, em um mês de treinamentos e com três torneios disputados uma dupla já está com um ritmo legal de jogo.

Quais as principais diferenças entre o CBBVP e a AVP?
Acho que os dois têm qualidades e defeitos. O CBBVP é um torneio muito bem organizado e de um nível técnico muito alto. A AVP também tem grande qualidade técnica, mas é disputado em apenas três dias enquanto aqui no Brasil são quatro. Nos Estados Unidos a interação do público com os atletas é maior e acredito que o público seja mais apaixonado por vôlei de praia o que faz com que eles entendam mais do esporte.

Você acha que, como os americanos deixam os brasileiros jogarem a AVP, poderia haver uma compensação que permitisse duplas dos EUA jogando o CBBVP?
Eu acho que os dois países, por representarem as maiores potências no vôlei de praia, poderiam fazer uma parceria de cooperação. Hoje, em nenhum dos dois países é tão liberal assim participação de estrangeiros. Eu tive sorte, pois o Pará já jogou lá e é muito amigo do Mike Dodd, ex-jogador e que até esse ano fazia parte da organização da AVP. 

E no Brasil, como você vê a situação do patrocínio? Acha que um dia o CBBVP corre o risco de acabar também?
Hoje a Confederação Brasileira tem um contrato de patrocínio muito forte com o Banco do Brasil. Este contrato abrange tanto o vôlei de quadra quanto o vôlei de praia. Como é um contrato que beneficia ambas as partes, acho difícil que essa parceria acabe. O patrocínio para atletas já é mais complicado, pois acho que os atletas têm muita dificuldade de chegar nas pessoas certas nas empresas para poderem apresentar seus projetos.

Atualmente você e Pará têm algum patrocínio? Nesses anos de carreira, você já lidou com a falta de apoio?
Nós atualmente não temos patrocínio. E eu sei que sou uma pessoa com muita sorte, pois desde o momento que escolhi o vôlei de praia como profissão tive apoio total da minha família. E meu pai me ajudou muito, principalmente, no começo quando conseguiu um patrocínio da empresa em que trabalhava.

Como enxerga a realidade do vôlei de praia brasileiro atualmente?
O vôlei de praia brasileiro é uma potência, um expoente. Mas precisamos atrair mais o público, fazer com que as pessoas acompanhem e entendam mais sobre o esporte, além de conhecer os atletas. A CBV está trabalhando nisso e algumas melhorias já estão sendo feitas no Circuito, como a transmissão dos jogos pela internet, que pode atrair mais as pessoas.

E para finalizar, qual foi a etapa que mais marcou a sua vida?
Qualquer atleta que disputa o CBBVP tem como objetivo estar numa semifinal de etapa, para poder brigar por um lugar no pódio. E a primeira vez que estive nele foi muito especial. Eu jogava com o Lipe e na etapa anterior tínhamos perdido no qualyfing, torneio classificatório para a competição principal. Voltamos para o Rio, treinamos muito para a etapa seguinte, que seria em Campo Grande, passamos pelo qualy, chegamos à semifinal vencendo Márcio e Fábio Luiz - que naquele ano seriam os vice-campeões olímpicos - e conquistamos o bronze da etapa.

Pitta, campeão da Taça Ouro (2010), em Atenas.
Saque curto:  

Nome completo: Roberto Lustosa Pitta
Nascimento: 15/06/1987
Altura:
1,89m
Peso:
88kg
Cidade onde nasceu: Rio de Janeiro
Time de futebol: Botafogo
Comida preferida: Japonesa
Um lugar: Praia de Ipanema
Um dia especial no vôlei: A minha primeira semifinal no CBBVP, em Campo Grande 2008.
Um ídolo: Shelda no vôlei e meu pai na vida
Mania: Estalar os dedos
Hobbie: Ir ao cinema
Filme: Os mais recentes: Avatar e Tropa de Elite 2
Um livro: Nelson Mandela, um exemplo de vida, coragem e amor
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