Atual campeão, Bruninho se despede da Superliga e do Brasil. |
Como escrevi no finalzinho do último post, é preciso corrigir uma série de erros na gerência do voleibol verde-amarelo. E creio que essa saída de Bruninho para o Modena, da Itália, é explicada muito mais por um problema administrativo, principalmente da CBV.
A saída dos financiamentos de Eike Batista do time carioca e a posterior falta de pagamentos de salários, motivo pelo qual faz Bruninho deixar o Brasil, demonstra somente a ponta de um iceberg.
Com muitas pompas no início do projeto, contratando grande parte do elenco da seleção brasileira, os cerca de R$ 10 milhões bancados pela OGX soaram inicialmente como algo esplêndido.
Naquele mesmo ano da chegada do RJX, entrevistei o então técnico da UFJF Maurício Bara. Em off, Bara disse o quanto seria difícil concorrer com a empresa do milionário brasileiro. Enquanto os cariocas tinham dinheiro, atletas e mídia (porque os galáticos da seleção davam mídia), a equipe de Juiz de Fora não tinha praticamente nada.
Ao mesmo tempo que a gigante de Eike Batista entrava no vôlei, a Cimed saia praticamente pelas portas do fundos. Depois dela, saíram Medley, BMG. E, aos trancos e barrancos, a UFJF vai se virando como pode.
Desculpe se a minha opinião é diferente da sua, mas, caso eu fosse empresária, não investiria no vôlei.
Por quê?
Tudo bem que a saída da OGX deve-se mais à falência de Eike, mas não é difícil concluir que o retorno seja mínimo para as empresas.
Pare para pensar: quantas pessoas vão ao ginásio assistir os jogos? Algo entre 1 mil a 15 mil pessoas. Neste último caso, quando a partida é no Maracanãzinho, maior ginásio do Brasil.
Pare para pensar de novo: quantas pessoas assistem as partidas de vôlei pela TV? Se comparado ao número de torcedores do futebol, por exemplo, bem poucas. Já que vôlei na TV aberta é exceção e não regra. E canal fechado ainda não é unanimidade na casa dos brasileiros.
A Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão, se nega a transmitir as partidas. E a CBV pouco se importa.
Já que agora o futebol está de férias, talvez não seria interessante fazer alguns jogos num domingo, às 17h, para tentar gerar audiência e exposição das marcas? Ao que parece, a CBV está conformada em preencher o espaço vazio na programação de sábado ou domingo da Globo, apenas.
E quando há transmissão, os patrocinadores são citados? Não. OGX, Amil, Sada, Unilever, UFJF... Você não ouve isso na TV. No final, quem banca o projeto não aparece no nome da equipe.
Há alguns anos, Ary Graça, ainda presidente da CBV, elogiava o esforço da entidade em repatriar os jogadores da seleção. Só que eles recebem salários altíssimos para a realidade dos investidores e, por mais que as equipes sonhem em contratá-los, não há caixa para isso.
Vale destacar que essa mesma CBV que buscou o repatriamento dos jogadores não faz muito esforço para tornar a Superliga mais popular, gerar mais dinheiro e mais retorno aos patrocinadores.
E sem um grande público, sem visibilidade, sem menção da marca na cobertura jornalística e, muitas vezes, sem o apoio da própria CBV, não tem como injetar grandes quantias na modalidade.
Pode ser que aconteça uma reviravolta, mas pode ser também que, infelizmente, os principais atletas da equipe olímpica de 2016 estejam atuando fora do país.
Até concordo com o tuíte de Giovane Gávio, que chamou algumas empresas de oportunistas.
Mas, insisto: com algumas poucas aulas de marketing, você aprende que é preciso ter lucro, ou pelo menos lembrança de marca, para apostar em alguma coisa no mundo corporativo.
Sem isso, infelizmente, a situação tende a ficar cada dia pior para o vôlei.
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