quarta-feira, 17 de abril de 2013

Grandes momentos da carreira vividos ao lado de Bruno.
Em meio aos vários assuntos polêmicos envolvendo as mudanças do vôlei de praia em 2013, um jogador me chamou a atenção por questionar abertamente nas redes sociais os novos planos que Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e Federação Internacional de Vôlei (FIVB) traçam para a modalidade.

Um dos poucos a comentar sobre o assunto, o capixaba Billy, parceiro do atual campeão brasileiro Bruno Schmitd por duas vezes, mostra-se preocupado com o futuro da modalidade, que passará a impedir a participação de jogadores que não estejam convocados para a seleção nas competições internacionais.

Corajoso, Billy aceitou dar uma entrevista ao blog e suas respostas dão uma dimensão de como anda o clima entre entidades e atletas. Confira:

A partir deste ano, a participação em competições mundiais vai depender das convocações para as seleções. E você não está na lista dos atletas chamados. Diante disso, quais seus planos? Com o encerramento do CBBVP e com o retorno marcado só para agosto, o que você planeja disputar nesse período?
Bem, final de agosto, né? Quase setembro e isso são praticamente 5 meses sem competir. Complicado...Eu joguei ano passado nos EUA e foi muito bom. Talvez retorne para lá esse ano.

Para obter bons patrocínios, umas das exigências da empresa é a visibilidade da marca. E sem tem o que disputar, a dificuldade de encontrar apoio financeiro deve ficar ainda pior. Como fica a situação da sua parceria recém-formada com o Jorge? Quem bancará as despesas de treinamento, viagens, equipe técnica, etc?
As duas principais maneiras de ter condições financeiras no vôlei de praia é jogando o Circuito Mundial e/ou tendo um patrocínio. Nesse formato que o circuito brasileiro está, fica praticamente impossível um patrocínio. Quem tem é porque já tinha. Atualmente eu recebo o apoio das passagens do Banco do Brasil e o Jorge tem um apoio de uma doceria de João Pessoa. Mas as despesas vão muito além disso. Tiramos do nosso bolso para participar das etapas e continuar treinando.

Alguns atletas vêm comentando que a melhor saída para obter retorno financeiro é abandonar o vôlei de praia e partir para outras áreas. Isso passa pela sua cabeça?
Infelizmente, passa sim. Não só na minha, mas na maioria dos atletas hoje. Amamos esse esporte, mas precisamos encarar a realidade. Pagar pra jogar é uma coisa absurda! E eu não vou fazer isso. Infelizmente, todos os grandes jogadores que pararam de jogar tiveram esse como o principal motivo.

Você é um dos poucos atletas que vem demonstrando publicamente sua insatisfação contra os novos sistemas adotados por CBV e FIVB. Você não teme o risco de represálias?
Não e nunca vou ter medo. O que eles vão fazer? Isso é baixo. Pelo que sei, vivemos num país em que a liberdade de expressão é permitida e aceita, certo? Dei a minha opinião e vou continuar dando. Não concordo com o que estão fazendo. Eles precisam entender que não é fazendo mal ou prejudicando um atleta aqui ou ali é que vai resolver alguma coisa. Eles já estão fazendo um grande mal para o esporte! Você diria para um adolescente hoje que o vôlei de praia é uma carreira promissora ? Então! Espero sinceramente que alguma coisa mude, e rápido, pelo bem do esporte.

Ainda sobre o novo critério: alguns atletas defendem a manutenção da seleção de vôlei de praia, mas defendem também que nenhuma dupla seja impedida de disputar o Circuito Mundial, desde que essas parcerias arquem com as despesas por conta própria. Você concorda com esse pensamento?
Acho muito legal esse lance de seleção brasileira. Mas estão fazendo de maneira errada. Acho que cada time tem que treinar com sua comissão técnica e ser coordenado por apenas um técnico durante o mundial. Imagina dois atletas, um time, com seu técnico, preparador físico, etc.. Já trabalham juntos há muito tempo e o conhecimento da forma de trabalho é grande. De repente, você pega um cara que nunca te treinou, técnica ou fisicamente, e que pode comprometer o rendimento seu ou do time. Quem perde é o Brasil! Eles acham que é indoor, mas não é. E nunca vai ser. E impedir que alguém jogue o Circuito Mundial ou outra competição não entra na minha cabeça. O Márcio acabou em quarto lugar ano passado no ranking do mundial. E agora não vai? Ele tinha que ir. Se algum atleta, por mérito, conseguisse melhores resultados e melhor pontuação que ele, então ele sairia. E pelo que sei, muita gente já foi pro mundial custeando suas próprias despesas. Então nesse ponto não iria mudar muita coisa.

Muitos jovens, como Evandro, Daniel Lazzari e Brian, foram convocados com a ideia de amadurecê-los para as próximas Olimpíadas. Por outro lado, veteranos, como Márcio, Harley, Fábio Luiz e Benjamin, estão fora dos planos da CBV. Você concorda com o raciocínio?
Acho que esses jovens poderão ser grandes atletas. Todos têm potencial. Mas ninguém evolui se não passar por dificuldades. Quer ajudar? Dê passagens, hospedagens, etc.. Mas tem que ralar, vir de baixo. Veja o Alison: é o nosso cara hoje na seleção. Nossa grande chance de medalha pra 2016. Ralou muito e isso fez ele evoluir. Evoluiu por mérito dele. Pergunte a esses aí que você citou como foi o começo deles. Qualifying, ralação um, dois, três anos. O Harley foi melhor jogador do mundo duas vezes e está fora. O Benjamin é o atleta mais inteligente do Brasil para jogar vôlei de praia atualmente e não está. O Fábio Luiz merecia uma chance. Não desmerecendo os demais, mas ninguém leva pra guerra quem ainda não sabe atirar direito.

Mesmo com todas essas mudanças, você acredita na retomada da nossa hegemonia na Olimpíada do Rio? Afinal, independente de toda essa polêmica, temos nomes fortes, como Pedro Solberg, Bruno Schmitd, Maria Elisa, Juliana (mesmo cortada da seleção). Dá para voltar a brigar por um ouro olímpico?
Acredito sim e esses dois times que você citou, se continuarem até lá, são nomes certos no Rio na minha opinião. Agora, estamos em alerta. Os outros países estão evoluindo muito. Uma prova disso é que não ganhamos uma medalha de ouro na categoria SUB-21 desde 2006. Sinceramente, torço para que a medalha de ouro volte a ser nossa. Nós vamos jogar em casa. E temos a obrigação de ganhar.
 
Saque curto:

Nome completo: João Luis Paianca Maciel
Idade: 34 anos
Cidade Natal: Vila Velha/ ES
O que gosta de fazer nas horas vagas: estar com minha família e meus amigos
Livro: A semente da vitória
Filme: Desafiando gigantes
Comida preferida: todas da minha mãe e minha esposa
Uma brincadeira de criança: jogar bola nas pracinhas
A melhor competição que já disputou: ainda não joguei na AVP, e por isso acho que foi o Grand Slam da Áustria
Time de futebol: Flamengo
Um sonho: morar nos Estados Unidos
Comentários
0 Comentários
Real Time Web Analytics