segunda-feira, 22 de março de 2010

Na minha ida à etapa de São José dos Campos conversei com a dupla de vôlei de praia Renatão e Jorge, brasileiros naturalizados georgianos, quarto colocados nos jogos olímpicos de Pequim. Renatão e Jorge ou Geor e Gia, como queiram, falaram sobre as olímpiadas, o patrocínio, o carinho pela Geórgia, as críticas pela naturalização, etc. Confiram:

Renatão e Jorge ou  Geor e Gia. 4º colocados em Pequim. Foto: FIVB
Após a 4ª colocação nas Olimpíadas 2008, a dupla não obteve bons resultados em 2009, tanto no circuito nacional como internacional. Como está a preparação de vocês para 2010 e para a classificação para Londres 2012?

Jorge: Esse ano está bem melhor porque estamos com uma equipe só para gente. Antes treinávamos com a equipe de Ricardo e Emanuel e agora, com a separação da dupla, demos um passo a mais. Estamos com pessoas focadas mais no nosso time. Começamos a nos preparar desde janeiro e estamos bem confiantes. Esperamos um resultado bem melhor que ano passado e como a busca pela vaga olímpica são nos 2 anos que antecedem os jogos, o ano passado foi mais para buscar dar uma descansada fazendo com que a gente focassse menos o mundial. Eu e Renato temos consciência que ano passado não fomos tão bem, mas é normal. As duplas do Brasil não foram bem também, de um modo geral, mas esse ano vamos bem melhor.

Se hoje a dupla conseguisse um patrocínio aqui no país, vocês pensariam em defender o Brasil novamente?

Renatão: Era uma caso a se pensar, mas acredito que hoje, no momento, não. Estamos numa idade considerada não tão nova assim. Então, não poderíamos nos dar o luxo de ficar 2 anos parados, sem atuar por nenhum país. Acho que não seria um bom negócio.

E sobre as críticas sofridas por vocês atuarem pela Geórgia? Li uma vez uma crítica sobre a CBV  deixar uma dupla naturalizada georgiana disputar o circuito nacional de vôlei de praia.  Como vocês lidam com isso?

Renatão: A gente aprendeu a viver com isso. Aproveitamos as críticas e nos motivamos cada vez mais. Se a gente não contasse com o apoio do governo da Geórgia não estaríamos mais jogando. Hoje, eu estaria estudando, fazendo outra coisa. A chande de jogar pela Geórgia fez a gente continuar um sonho e fazer o que a gente mais gosta que é jogar voleibol.

Como é a identificação do povo georgiano com a dupla e com o vôlei de praia?

Jorge: Por incrível que pareça, nós somos mais conhecidos na Geórgia do que no Brasil. O reconhecimento que temos lá, de um modo geral, é muito maior do que no nosso país e até mesmo na Paraíba, nosso estado.  A escolha deles por um time brasileiro foi justamente por isso, porque eles se identificam muito conosco, são um povo quente, forte, guerreiro. Apesar de a gente ver o país em situação de guerras e conflitos o povo é bem patriota como nós brasileiros. Eles poderiam ter escolhido uma dupla européia ou de qualquer outro país, mas preferiram uma dupla brasileira justamente por se identificarem muito com o nosso país.

Como foi disputar uma medalha de bronze justamente contra Ricardo e Emanuel, uma dupla brasileira e que dividia  a comissão técnica com vocês?

Renatão e Jorge em São José dos Campos. Foto: Juliana Netto
Jorge: A gente sabia que seria um grande desafio porque naquele momento, ficamos um pouco só. Toda a comissão ficou direcionada para eles, toda a equipe, todo o país, enfim, todos se direcionaram para eles.
Então, sabíamos que não íamos jogar só contra Ricardo e Emanuel, íamos jogar contra todo o Brasil e toda a equipe. Mas, foi muito legal e mais importante foi saber que a medalha ficou para o grupo. Eu queria ter ganho, mas foi legal. Eu queria ter saído com a medalha, mas eles jogaram melhor que eu e Renato e mereceram.

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