Bronze em Pequim escapou após derrota para donas da casa. |
Com certeza, eu sai de 2012 muito triste. A Olimpíada não foi como eu gostaria, não tive um final de ano muito bacana. Mas, assim que eu chamei a Taiana para jogar, vi tanta felicidade nela com esse convite que isso me trouxe muita motivação. Acho que era o que eu estava precisando e acabou que foi um bom encontro. Não há nada melhor que você sentir na pessoa que está ao seu lado essa felicidade por estar jogando com você. Eu não imaginava , lógico, tantos resultados em tão pouco tempo, mas imagina que a felicidade voltaria e que nós conseguiríamos ter bons resultados.
Você fez uma Olimpíada não muito legal (terminou em 9º) e logo depois a Maria Elisa resolveu desfazer a parceria. Você chegou a dizer em algumas entrevistas que ficou sem muitas opções de defensoras. Depois disso chegou a Taiana, vocês se firmaram e os resultados estão aí. Quando você chamou a Taiana, o pensamento era que a parceria fosse dar tão certo assim?
Acho que o tão certo foi porque a gente acreditou. Quando a gente sentou para conversar, eu falei o que gostaria, quais eram os meus planos. Ela aceitou, o Pompilho – nosso técnico – acreditou no trabalho. A gente queria fazer a nossa história, mas não imaginávamos que ia ser tão rápido. Na verdade, não foi um início tão vitorioso: a gente só conseguiu chegar em uma final do Circuito Banco do Brasil na temporada passada (em quatro etapas disputadas), sem conquistar nenhum título. Mas a Taiana já vinha demonstrado ao longo dos anos a capacidade dela. Acho que ela mostrou que podia crescer muito mais e formar um time grande.
Na questão da seleção, você e Taiana e Maria Clara/Carol não sofreram alterações na parceria. Você acha que isso foi um ponto positivo para vocês?
A gente não mudou, mas era um time novo. Na verdade, acho que só a Maria e a Carol que já eram um time desde antes a seleção. O nosso início também foi se ritmo, mas a gente foi ganhando e o entrosamento foi chegando ao longo dos treinamentos.
E para o Circuito Brasileiro: enquanto Maria Elisa, Ágatha e Lili estão refazendo o entrosamento, você e Taiana seguem o mesmo trabalho. Isso ajuda vocês, pelo menos nessas primeiras etapas?
Acho que isso pode ajudar. Acho que a gente sofreu no início por não termos jogado juntas em nenhum momento das nossas carreiras. Mas também acho que elas vão voltar a se entrosar rápido, mesmo com a quebra de parceria que teve na seleção. Eu mesma fiquei quatro meses sem jogar com a Maria Elisa e me entrosei rápido para jogar a World Cup em Campinas.
Depois de várias etapas de Circuito Mundial, vocês já devem estar cansadas. Como será a preparação de agora para frente, já que Circuito Mundial e Brasileiro serão simultâneos?
Ainda faltam algumas etapas do Mundial e o Brasileiro começou agora. Enquanto a gente está no meio para o final da temporada internacional, acabamos de começar a brasileira. Por ser momentos diferentes, é difícil conciliar. Vamos ter que fazer um trabalho mais equilibrado. A gente não pode nem esquecer o Circuito Mundial e nem o Brasileiro. Mas o vôlei de praia sempre teve um pouco disso. Sempre no segundo semestre, a gente voltava do Circuito Mundial um pouco cansada. Só que também era a final da temporada nacional. O que tá mudando agora é isso: estamos voltando de um Circuito Mundial desgastadas, mas, por outro lado, tem a vantagem de ter mais ritmo de jogo. Por mais que corpo e mente estejam cansados, esse ritmo de jogo compensa.
E como será a divisão das etapas que vocês vão jogar? Qual competição vai ter prioridade?
Como esse ano a contagem de pontos é de forma corrida, somando todas as etapas que a dupla disputar, dificulta um pouco abrir mão de alguma etapa do Circuito Mundial para jogar o Brasileiro. Então, ainda há muitos pontos em jogo e nem dá para pensar em folga de pontos em relação ao time vice-líder do ranking mundial porque a gente não sabe como serão aos próximos resultados. Com a regra anterior, que contava um certo número de etapas, as duplas podiam se dar ao luxo de abrir mão de algum torneio. Agora não.
Você e a Taiana foram indicadas ao Prêmio Esportivas do Ano, nos Estados Unidos. Você acha que a conquista desse Prêmio vai ser a consagração do ano de vocês?
Com certeza. A indicação já deixou a gente muito feliz. Só o fato de estar concorrendo com outras atletas de outras modalidades já é muito bacana. E se a gente vencer, vamos ter ainda mais estímulo, até mesmo pensando em 2016. Essa conquista vai ser para somar e motivar ainda mais.
Mesmo não sendo carioca, você vive e treina no Rio. E começando um ciclo olímpico com bons resultados faz você pensar numa boa Olimpíada na sua “casa”?
Faz, com certeza. Só de saber que a próxima Olimpíada vai ser no Brasil, ainda mais no Rio, cidade que eu vivo há muitos anos, é muito bacana. Eu acredito que você começa a se preparar para uma Olimpíada quando a outra acaba. E 2013 está sendo um ano muito bom, com a construção do nosso time e com uma confiança muito boa. O objetivo, então, é ir conquistando mais títulos e chegar muito bem em 2016.
Você já esteve em duas Olimpíadas e ainda não conquistou medalha. Um pódio olímpico, ainda mais no Rio, é o resultado que falta nos seus vários anos de carreira no vôlei de praia?
Seria sim. Eu trabalhei nos dois últimos ciclos para isso e ainda continuo trabalhando. Em Pequim, eu e Renata chegamos na semifinal, depois de uma classificação, de certa forma, surpreendente para aos Jogos. Naquela época, a concorrência era grande e deixamos Adriana Behar/Shelda para trás, por exemplo. Em Londres, a semifinal não veio. Se eu tinha um sonho que era ir a uma Olimpíada, parte dele eu já realizei. Mas todo atleta busca ir aos Jogos e buscar uma medalha. E isso é também o que eu busco desde que comecei a jogar.